quinta-feira, 25 de junho de 2009

Desodorantes e sonatas universitárias

Mareas e resacas despois das Juntas de Faculdade, e o "pailebote" manoelantoniano paira, que paira que paira por cima das nossas cabeças. A espada de Damocles "à bolonhesa" achega-se passeninho e imos ficando sós, os inconscientes e mais nós.

Que o funcionamento da faculdade nom é democrático nom é nengum segredo, ainda que em grande parte isso nom seja responsabilidade da equipa decanal, mas do desenho mesmo do funcionamento interno dos centros. O estudantado nom tem nas Juntas de faculdade nengum impacto, nem capazidade de decisom dos órgaos "democráticos" da faculdade, ainda participando deles. Nas Juntas de hoje constatou-se umha realidade bem triste. Sem apenas participaçom do estudantado, o qual é normal ao viver de costas a estes processos e tendo em conta a altura em que estamos, mas tampouco do professorado. A estas alturas resulta evidente que nom haveria nengum problema para que as Juntas fossem abertas a todas aquelas pessoas que quigessem participar, forem ou nom eleitas.

Durante todo o ano segundo o regulamento deveriam celebrar-se três Juntas, para além de que nom se cumprisse isto, o sector mairitário desta faculdade desconhece por completo o funcionamento da mesma e pouco ou nada se fixo durante décadas para mudar esta vergonhenta situaçom. Como dizia o Carvalho, "esperamos contra toda esperança" que já nom é pouco afeitos como estamos ao sabor das derrotas.

Os novos Planos passárom-se-nos como formalismo para aprová-los à búlgara na Junta de Faculdade e em plenos exames, portanto, sem tempo para que o estudantado os leia e se posicione. Estavam no espaço em rede da USC. Estavam, mas nom deixavam aceder a eles. E ainda que se pudesse aceder a eles, custa tanto umha juntança aberta com todo o estudantado para explicar um mínimo, para erguer o interesse e a consciência estudantil? Estas som as acçons (desconhecimento, obscurantismo, etc.) que nos encaminham a falar de eivas democráticas sérias na faculdade de filologia, ou por acaso nom temos mais de 18 anos para exigir democracia e ser tidos em conta?

Por outro lado, chega um ponto onde, em vendo a desídia geralizada gerada pola desinformaçom do estudantado, um já nom sabe mui bem que fai numha Junta. Já nem sequer é necessário celebrar eleiçons, coma com o famoso artigo 29 da Lei eleitoral de Maura na I Restauraçom bourbónica, destinado na retórica oficial a acabar com o caiquismo. E aqui eu, na II Restauraçom bourbónica, já me começo a perguntar se realmente estamos representando a alguém ou perdendo um tempo precioso para dedicar a outros menesteres.

Que duro é ter umha ética de esquerdas! Horas e horas perdidas e deitadas ao fundo do caixote do lixo. Batalhas perdidas a esgalha... mas o dever, ai o dever sempre petando na porta; a liberdade que lá sentimos no fundo do nosso coraçom e que nos berra aquilo do Branhas "como em Irlanda, como em Irlanda, ergue-te e anda".

Bolonha a sangue e fogo, com o fumo que nom permite ver o que realmente é esse processo ao estudantado. O "pensamento único" neoliberal atafega, esgana e afoga a prazer o último reduto crítico e a educaçom em geral e as humanidade em particular degradam-se até limites vergonhentos, enquanto a empresa e o grande capital fam negócio na universidade pública e a cultura geral e a da ficçom dos média. In media res, deve ser agora no meio da cousa, da cousa pública, a tam deostada Res Publica.

E o estudantado? Ao estudantado dá-se-lhe umha liçom megistral de despreço, a máxima degradaçom desde o franquismo. Já nom pintamos nada, se é que algumha vez debijamos algo mais ca cábalas no ar. Temos deveres, nom direitos, e o dever fundamental é pagar religiosamente as nossas matrículas. Universidade galega...? Equivocava-se o Carlos Casares com aquilo de "colónia ou champú", porque hai e ainda haverá mais cadaveres apodrecendo o ar, máxime quando o estudantado se endevede com umha entidade bancária para rematar umha carreira na universidade pública. Mais umha vez, eu fico, coma o Beiras, com aquilo de que "nem colónia, nem champú; desodorante", que boa falha fará para perfumar a esta sociedade "pós". Seica pós-moderna, seica pós-industrias e até para alguns seica pós-fascista.

Bem-vindos ao mundo da liberdade, o melhor dos mundos possíveis. "Duro cravo me cravaches com este teu triste sorrir". E mentres a universidade pública arde D. Bastos, novo coordenador na USC para a adaptaçom ao Espaço Europeu de Educaçom Superior, ordena-lhe à banda municipal que comece a tocar outra sonata... Clavelitos, clavelitos, clavelitos de mi corazón!.

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