quinta-feira, 23 de abril de 2009

O estudo da filologia galega e portuguesa nos novos planos


Assembleia de Filologia, USC, Abril 2009

Agora que as eleiçons europeias som iminentes e que o Plano Bolonha se achega a sua fase inicial, ainda que o seu será um percorrido longo de conseqüências ainda nem de todo previsíveis, semelha que novamente haverá que olhar para as instituiçons europeias como um elemento tam lesivo para a Galiza como o é o Estado espanhol. Nom somos desde logo menos europeístas por dizer abertamente que nom acreditamos numha Europa dos estados que nos zanga de dia para dia, tanto no eido educativo coma no agrário ou no naval, muitas vezes acrescentando o impacto das suas medidas as políticas dos partidos dinásticos da II Restauraçom bourbónica.

Nom correm bons tempos para as humanidades e ainda menos para a filologia. O seu futuro com Bolonha é servir de complemento de formaçom para outras disciplinas, ou seja, um papel pouco diferente ao dumha escola de idiomas, numha sociedade onde semelha que os estudos filológicos, e a imprescindível análise da realidade que achegam as ciências sociais, nom som importantes, nom vai ser que podamos acusar a hipócrita, falsa e manipulada linguage dos meios de incomunicaçom. O assassínio da ética de esquerdas in nomine dolar.

No último informe europeu sobre o estado da língua galega a UE tirava à língua da Galiza do perigo de extinçom eminente polo contacto com Portugal. Pois bem, agora com o Plano Bolonha continuara-se polo caminho da separaçom, da autarquia cultural cujos resultados se percebem na descida de falantes e na quantidade de analfabetos funcionais já nom na variante extensa da nossa língua, mas tamém na ortografia isolacionista. A UE nom pode contradizer a glotofaxia e o imperialismo lingüístico do nacionalismo central do Estado espanhol, porque por cima dos povos e dos cidadaos estám o livre mercado e os estados repressores que o sustentam.

Dúzias de anos com um modelo lingüístico de costas à lusofonia e à tradiçom galeguista da nossa naçom algo podem ter a ver com esta artificial separaçom entre galego e português. Agachando aos nossos escolares a grafia na direcçom regenerada de Castelao, Risco, Joám Vicente Biqueira, Ernesto da Guerra Cal, Carvalho Calero ou Rodrigues Lapa, etc. A oficialidade apresenta-nos a autores de hai quase um século escrevendo coma no 2009 e um pergunta-se como os guardiáns da moderna ortodoxia vendem à naçom por quarenta moedas com a cara do bourbom que afirma que «nunca fue la nuestra lengua de imposición sino de encuentro». Dúzias de anos malversando quartos em estudos idênticos desde organismos em descomposiçom ou esclerose evidente, enquanto nada se fazia pola normalizaçom efectiva da língua e os seus inimigos espalhavam a auto-xenreira e o ódio contra o galego até ganhar eleiçons e chegar ao trilingüismo harmónico. Milhons perdidos em proteccionar umha ortografia da nossa língua, quando em Portugal achega umha percentage do PIB ao país nada desdenhável, milhons perdidos para recuperar falantes e levar a termo umha estratégia normalizadora efectiva. Qual é a ortografia do catalám, a histórica ou a espanhola? Adoptárom no Quebeque a ortografia do inglês? Quantos falantes mais teremos que perder para que, ao menos, se reconheça a ortografia regenerada como umha das possíveis e para ensinar o padrom lisboeta nas escolas?

O Plano Bolonha, que nos rejeitamos por mercantilizar a educaçom e já nom apenas privatizá-la, é, mais umha vez, umha ocasiom perdida de voltar a umha intitulaçom única. Continua-se com umha divisom artificiosa do romance ocidental e contraproducente, ainda quando admitíssemos a autarquia cultural do isolacionismo, posto que dificilmente se pode explicar que no novo plano um aluno poda rematar a carreira de galego sem a mais mínima noçom do português, como recorre um intitulado ao português, ponhamos por caso, para os neologismos como postulam as Normas de 2003? Já nom falemos da língua portuguesa inserida na intitulaçom de Línguas modernas: quantos estudantes optarám por esta carreira quando o número de estudantes da matéria Português é muito inferior à que hai em territórios de fala espanhola coma Estremadura? A descolonizaçom lingüística contribui para a política e vice-versa e nesse sentido o Estado espanhol e a UE sabem bem da importáncia de continuar com a doma e castraçom da Galiza. Nós defenderemos sempre o monolingüismo social em galego e o soberanismo da nossa naçom. Nós Sós!

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