domingo, 28 de fevereiro de 2010

Para que lhe serve o galego a umha húngara?

Para que lhe serve o galego a umha húngara?

"Para olhar o mundo doutro jeito", contesta Vera Gergely. É umha das embaijadoras da língua galega, como a russa Daria Shornikova, a romanesa Mariana Ploae-Hanganu ou o japonês Takekazu Asaka

Tirado de aqui.


Cando lhe perguntam para que lhe serve o galego a umha húngara, o primeiro que fai Veronika Gergely é armar-se de paciencia. “Para que a minha vida seja mais formosa e enteira, para poder olhar o mundo doutro jeito, para falar com os japoneses e os índios que conhecim em Compostela, para aprender as vossas cançons e danças tradicionais, para bailar muinheiras e jotas e para criar vínculos entre a Galiza e Hungria. O galego serve-me para o que me servem todas as outras línguas”, resume, mas sabe que é mentira. Vera, como a conhecem os seus companheiros dos cursos de verao do Instituto da Língua Galega (ILGA) e a Universidade de Santiago (USC), vive em Érd, umha pequena cidade com 70.000 vizinhos a vinte quilómetros de Budapeste, ainda que nasceu na capital. Ademais do húngaro, que vinha com o manual de instruçons, em 26 anos apreendeu tamém português, castelám, inglês, japonês, alemám, italiano e galego. Uns fala-os, outros entende-os. Uns prestam-lhe, outros nom tanto. Qalquer um deles lhe serviria para pedir-lhe cámbio a outro mortal deste planeta, pero só um lhe vale para fazer o que está a fazer: traduzir a Cunqueiro. E nessas anda, de viaje com o velho Sinbad pola língua de Sándor Márai.

Vera chegou ao galego através da música medieval. Queria entender as Cantigas de Santa María e pediu ajuda na Eötvös Loránd Tudományegyetem, a universidade de Budapeste em que estudava. Ildikó Szijj, umha professora de portugués, sacou-na de dúvidas decontado. Explicou-lhe que havia outra Galiza longe de Ucraina e que a língua das cantigas de Alfonso X, com o andar do tempo e a erosom da fala, convertera-se ao cabo na língua oficial de quase três millóns de galegos [e de 200 milhons na sua versom portuguesa].

A tal hora, esse é tamém o idioma de Vera. E da professora romanesa Mariana Ploae-Hanganu. E de Eva Carrión, umha malaguenha que traduziu umha novela de Rosa Aneiros com a única subvençom da sua teimosia. E a de Nilsa Areán, umha engenheira informática de São Paulo que deixou a inteligencia artificial polo contrabando de sufixos através da raia. E a de Hicham Suisse, investigador marroquino, hoje em Lisboa, que soubo da Galiza ao mesmo tempo que Naybet, Bassir e Hadji punham a camisola do Dépor. E tamém a da grega Sofia Karatza, o ucraíno Pavlo Marynenko, o polaco Bartosz Dondelewski, o japonês Takekazu Asaka ou o índio Anik Nandi. Som, com o seu permisso, brigadistas do galego. E hai muitos mais.

UM 'HIT’ DA RESISTENCIA

A xanela deve-lhe muito a Feijóo e Daria Shornikova sabe-o. A autora desse pequeno filme que bole rede arriba e rede abaixo desde hai semanas nasceu em San Petersburgo hai 21 anos. Quando empeçou a filmar o que a gente de Compostela pensava da sua língua nom sabia que mais de 1.500 internautas iriam buscar nom se sabe o que na sua película. Daquela ainda nom aparecera www.eufalo.tv para sementar a rede de confidências sociolingüísticas e senhoras como a mai do O’Leo, o cantautor punk, que pensam que a sua língua, como os seus tomates, som os melhores. Daria nem sequer sabia que o Governo galego se ia meter na lea de legislar contra a língua que o pariu nem que o seu relato se ia converter num pequeno hit da resistência. Um must da galegofília.

“As cousas que se fam a prol da língua som mui ben recebidas, sobretodo despois da mani do 21 de Janeiro”, explica Daria desde o inverno ruso. Empeçou perguntando-lhe à gente qual era a sua palavra favorita e acabou compondo um mosaico de atitudes possitivas cara à língua. Um catálogo de afectos. É curioso que a Daria o galego lhe pareça umha língua “politizada”, cousa “que lhe fai dano”. Aqui, na Galiza, A xanela serve como bálsamo, por vezes como coartada. Alí fai-lhes menos áridas as conxugaçons aos seus alunos.

Se Daria chega ao final da súa tesiña de doutoramento, os contos de Séchu Sende chegarám por primeira vez ao russo. A traduçom é um episodio freqüênte na biografia dos brigadistas. Vera trabalha em Cunqueiro, embora já verquesse algum outro texto ao húngaro. Takekazu Asaka, autor dumha versión bilingüe galego-japonês dos Cantares Gallegos de Rosalia, reparte o tempo entre a versom nipona de Ramom Cabanilhas e a traduçom para o galego dumha presada de contos de fadas do seu país. Sofia Karatza levou ao grego alguns relatos de Mendes Ferrim, Carlos Casares, Manuel Rivas e Miguel Anjo Murado. Eva Carrión fascinou a Rosa Aneiros com a sua versom castelhana de Resistência, já caminho do prelo. E Nilsa Areám devece por pôr a Castelao a falar em galego do Brasil. A maioria tamém traduziu algo de literatura de combate. Suas som algumhas das versons do manifesto de Prolingua.

Bartosz Dondelewski estuda Filologia Hispánica na Universidade Iaguelónica de Cracóvia, mas nom traduziu nada fora dalgum exercício académico. Nom é a sua principal ocupaçom. Nasceu em Kalisk, Polónia, hai 22 anos, porém escreve em galego desde Lisboa, onde completa a sua formaçom. Sente-se “embaijador” das culturas que lhe som próximas, nom só da que lhe dérom ao nascer, mas pom-lhe “um maior esforço” à galega, “pouco conhecida mesmo dentro da Península Ibérica e completamente desconhecida” entre os seus compatriotas. “O galego tem a má sorte de depender das decisons dos políticos”, espeta. “A sua sobrevivência está nas maos dos governantes, que decidem se os nenos vam ter a oportunidade de conhecer a língua própira do seu povo. A decisom de falar galego é umha decisión política porque a língua do Governo central é outra”.

O idioma, para Bartosz, foi o que preservou o sentimento nacional dos seus compatriotas ao longo de 123 anos, cando o seu país nom existia no mapa de Europa. Se calhar por isso, desde a distáncia, acredita que o futuro do galego está longe dos gabinetes. “Encontro especialmente importantes as iniciativas apartidarias”, explica. “O que mais conta é o amor, o agarimo que tenhem os galegos pola língua que os criou e que foi criada por eles. A sua preservaçom permite conservar a identidade nacional, a cultura. Foi assi durante os séculos escuros e segue a selo hoje, quando a influência do castelhano está cada vez mais visível”.

Takekazu Asaka saca-lhe 36 anos a Bartosz. Take, como o conhecem os que conhecem a este professor universitário, nasceu en Toquio no Natal de 1952. Hai trinta anos que descubriu a existência do galego ao tropeçar com um exemplar d’A Nosa Terra em Madrid, onde aprendia castelhano, mas segue convencido de que o seu trabalho nom lhe importa a ninguém em Japóm. Tanto lhe tem. Non vai deixar agora o que tam amodo conseguiu, primeiro escrevendo-lhe cartas a Xaime Ilha Couto na editorial Galaxia, logo lendo livros em galego e finalmente assistindo umha e outra vez aos cursos de verao do ILGA. Desde 1989 vem duas vezes ao ano. Doe-lhe que a gente nova nom fale coma el e que os comerciantes nom rotulem os seus establecimentos em galego. Entenderia bem mellor a que se dedicam.

A Anik Nandi passava-lhe algo semelhante. Em Burdwan, na Índia, onde nasceu hai 28 anos, os seus companheiros e professores riam-se do seu entusiasmo polo galego. “Criam que se queria trabalhar com as línguas minoritarias de Espanha, devia escolher o catalám. Ao seu ver, tinha mais valor económico e mais oportunidades, mais bolsas para investigadores estrangeiros. Eu pensava que era umha língua com muita história e muito futuro, e ainda o penso”. Hoje passa do bengalí ao infinitivo conjugado sem arroibar e fala um galego correctíssimo polos corredores da residência universitária Burgo das Naçons, em Santiago. Colaborador externo do ILGA, estuda os cursos de doutoramento no departamento de Língua Espanhola da USC.

“UMHA LÍNGUA NOM TEM QUE SERVIR”

Cando lhe preguntan para que lhe serve o galego a umha malagueña, Eva Carrión sorrí. “É umha pergunta bastante divertida. Seguro que se estivessemos a falar doutra língua a ninguém se lhe ocorreria perguntar semelhante cousa. Toda língua é umha riqueça! Cada um é quem é porque vive na realidade cultural que vive e fala como fala. A língua forma parte de nós, e sem ela nom seriamos ninguém. Umha língua nom tem que servir, umha língua tem que ser”. No seu caso, ademais de ser a língua em que fala com todo o mundo em Vigo, onde fai um máster de Ediçom, é tamém umha ferramenta de trabalho. Esta andaluza de 25 anos licenciou-se emTraduçom e Interpretaçom em Granada e fantaseia com converter-se em tradutora nalgumha editora. Já tem o seu primeiro choio.





1 comentário:

  1. A acta da assembleia de hoje já foi remetida para os vossos endereços electrónicos. A próxima assembleia fica marcada para o terça-feira às 18:00 horas.

    ResponderEliminar